Introdução:
A família Lykov consistia de Karp Lykov, sua esposa Akulina, e seus quatro filhos: Savin, Natalia, Dmitry e Agafia. Eles eram crentes em um movimento religioso que discordava das políticas e práticas da Igreja Ortodoxa Russa e do governo soviético. Para escapar da perseguição religiosa e das autoridades, eles fugiram para a floresta da Sibéria em 1936, estabelecendo uma vida isolada nas montanhas do sul da Sibéria.
Agafia é a última sobrevivente da família Lykov, que viveu
de forma totalmente autossuficiente e isolada na vasta e implacável paisagem da
taiga Siberiana por décadas, até serem descobertos em 1978.
A Vida
Autossuficiente na taiga Siberiana: Uma História de Isolamento
Agafia Karpovna Lykov nasceu e cresceu em um ambiente que a
maioria de nós só pode imaginar em nossos sonhos de sobrevivência mais selvagens.
Ao decorrer das perseguições sua família se estabeleceu em
uma reserva natural, porem foram denunciados, os guardas da reserva acabaram
matando a tiros o seu tio em 1937, um ano macabro da história russa que ficou
conhecido como “o grande terror”. Como se não bastasse a perseguição local, a
família Likov foi visitada por membros da NKVD, um órgão que foi o precursor da KGB, sendo
interrogados e torturados. Estas experiências foram o fator decisivo para a família,
era o momento da evasão, do Bug Out, e após o ocorrido, fugiram para dentro da floresta, mudando de local de
tempos em tempos e indo cada vez mais distantes da civilização, se aprofundando
na inóspita taiga.
A taiga são as regiões situadas ao norte da Europa, Ásia e América setentrional formadas por florestas que não perdem as folhas nem diante dos mais rigorosos invernos, em especial na Sibéria.
Esse era o ambiente que
tinham disponível para buscar refúgio das perseguições religiosas e das mudanças
políticas, especialmente o comunismo, que assolavam a Rússia. Anos de reclusão
e isolamento os aguardavam, enquanto viviam em cabanas primitivas e confiavam
na natureza, em sua capacidade e habilidades para o seu sustento.
A vida de Agafia na solidão
da taiga
A família Lykov viveu na obscuridade por décadas, procuraram escapar das expropriações de bens e terras, optando por se refugiar na natureza inóspita da taiga. Lá eles construíram uma existência autossuficiente, tranquila e segura totalmente off-grid, fora da sociedade, sempre mudando seu local habitação para evitar detecção. Utilizando seu conhecimento experiência de vida no campo num contínuo processo de aprimoramento e adaptação, tiveram resultados positivos em permanecer em um dos ambientes mais inóspitos do planeta, quase um absurdo para a “normalidade” da maioria das pessoas, durante décadas a família viveu em completa autossuficiência, cultivando suas próprias plantações, caçando, pescando e vivendo em cabanas rudimentares. Eles não tinham contato com o mundo exterior, não souberam da Segunda Guerra Mundial ou das mudanças políticas que estavam ocorrendo na União Soviética e no resto do mundo. A sua história ganhou atenção internacional como um exemplo extraordinário de sobrevivência em isolamento extremo.
Autossuficiência e
Sobrevivêncialismo: Lições Extraordinárias
A história de Agafia Karpovna Lykov é um verdadeiro exemplo de autossuficiência. Após a morte de sua família, ela emergiu como a última sobrevivente, possuindo um conhecimento profundo sobre a natureza, Agafia demonstra com sua vida e experiência a aplicação prática e efetiva dos cinco princípios do sobrevivencialismo em sua totalidade: O minimalismo com a sua essencialidade e a vida simples e frugal, a independência total, a industriosidade plena em habilidades de construção, na habilidade de costura produzindo roupas de cânhamo, no artesanato produzindo calçados de casca de bétula, na habilidade de coletar, caçar e pescar, cultivar e conservar alimentos, na obtenção de fogo de modo primitivo, a estocagem de alimentos e outros recursos.
Assim ela viveu isolada por 77 anos
a uma distância de 250 Km da área povoada mais próxima, demostrando
absolutamente a capacidade, a resiliência e a antifragilidade humana em sua forma mais pura.
Saindo do Sistema e
sendo autossuficiente: Uma Realidade Possível
A incrível jornada de Agafia na taiga Siberiana também
levanta a questão da possibilidade de desaparecer do sistema moderno e ser
autossuficiente. Sua vida longe da civilização mostra que, mesmo em um mundo
cada vez mais conectado e dependente da tecnologia e seus confortos fúteis, a
autossuficiência plena ainda é viável e possível.
Agafia permaneceu isolada por 77 anos, a quilômetros de distância de
qualquer forma de modernidade, conforto e recursos que desfrutamos.
O conforto, as facilidades e conveniências da modernidade
tem tornado o homem cada vez mais acomodado, fraco, inapto, dependente e refém
do sistema, cada vez mais incapaz de lidar com desafios, situações adversas e
crises que surgem ao longo da jornada individual, sendo que este mesmo sistema
é condicionante, controlador e manipulativo, ao mesmo tempo que é incapaz de atender
de forma efetiva as necessidades do indivíduo em todas as áreas.
Foi este mesmo sistema que perseguiu e ameaçou a integridade
da família Lykov, o sobrevivencialismo se fundamenta na liberdade,
autopreservação e autossuficiência e prima pelo bem estar individual e
familiar, tudo que age contra a liberdade e a instituição basilar da família
não só deve ser evitado como também combatido!
Como a família Lykov tenha como seu projeto prioritário se
desligar do sistema o máximo que puder, pois ele é mesquinho, injusto, cruel e
não se importa em absolutamente nada com você e com sua família!
Depois de aproximadamente 70 anos ela se aventurou a ir até a
civilização, foi uma experiência chocante que a assustou ao ver carros,
televisões, telefones celulares, helicópteros, aviões, estradas e todas coisas
da modernidade, Agafia afirma que a água e o ar de fora da floresta a incomodam
e a deixam doente, ela também achou que as estradas eram muito movimentadas e assustadoras, quando ficou hospedada na cidade não
conseguiu dormir na cama de um hotel, acabou dormindo no chão sobre o cobertor
como estava acostumada.
Um Patrimônio
Histórico e Um Exemplo de vida Off-the-Grid
Agafia Karpovna Lykov se tornou um tipo de patrimônio
histórico russo, sendo visitada por voluntários e sobrevivencialistas de todo o
mundo que buscam aprender suas técnicas primitivas, pessoas de todo canto do
mundo vão para lá para aprender com essa mulher como viver de uma forma que é
mais raiz e sustentável.
A experiência de Agafia também demonstra que a capacidade de adaptação combinada com conhecimento e a experiência prática, nos permitem atingir resultados incríveis e que a necessidade é a mãe das habilidades, que exercendo a capacidade ilimitada do ser humano de fazer o que for necessário para manter-se viva sem nenhum conforto da civilização moderna é sim uma possibilidade.
Sendo história dela muito bem documentada, tentaram fazer com que
ela fosse viver na cidade por conta de sua idade avançada, mas quem alcança este nível da autossuficiência não
consegue permanecer na sociedade atual. Vemos assim que o sobrevivencialismo está, através de exemplos como o seu, ganhando importância e notoriedade no
mundo inteiro.
Conclusão:
Autossuficiência é a essência do sobrevivencialismo como estilo de vida
A história de Agafia Karpovna Lykov ecoa como um exemplo de determinação e da incrível capacidade humana de adaptação e superação. Sua vida isolada na taiga Siberiana prova que a autossuficiência não é um mito, o é apenas para aqueles se auto impõem limitações e justificativas para não fazer o seu melhor e o necessário para atingir o seu pleno bem estar e o dos seus, sua história é marcante e um grande exemplo de que autossuficiência não é algo utópico e sim que a autossuficiência é um objetivo e uma busca, de um estilo de vida genuíno, que agrega adaptação, conhecimento e determinação.
Num mundo cada vez mais conectado, dependente e
refém de facilidades, confortos e tecnologias da modernidade, a história de
Agafia nos lembra da essência crua e real da existência humana e do poder de viver em
harmonia e conexão com a natureza.